quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Gurus da Qualidade: William Edwards Deming

Gurus da Qualidade: William Edwards Deming


Neste episódio da Serie Gurus da Qualidade, que são pessoas que contribuíram para a evolução da gestão da Qualidade ao longo da história, iremos falar sobre as contribuições de William Edwards Deming, considerado o “filósofo do movimento de qualidade”.

Quem foi William Edwards Deming?

Nascido em 14 de out de 1900 em Sioux City (USA), Deming se graduou em engenharia e em matemática pela Universidade de Wyoming em 1922. Após isso, foi para a escola de Minas do Colorado, realizando assim seu mestrado em Matemática e Física.

Com o doutorado terminado em 1928 em Yale, foi atuar no governo dos EUA, no departamento de agricultura (USDA), onde trabalhou como Físico Matemático no Laboratório de Pesquisas de Fixação do Nitrogênio. No período em que esteve diante do departamento, realizou 38 publicações sobre estatística.

Entre as décadas de 30 e 50, trabalhou como professor especial do Departamento Nacional de Padronização; foi professor de estatística e matemática; atuou também como chefe do Departamento de Matemática e Estatística da escola de Pós-Graduação do USDA; e em 1943 realizou a publicação do seu livro “Ajustamento Estatístico dos Dados”.

Também durante esse período, estudou Teoria Estatística na Universidade de Londres, e logo após publicou o livro “Palestras e Conferências em Estatística Matemática”.

Como Deming contribuiu para a Qualidade?

Buscando sempre uma melhoria significativa de processos nos EUA, durante o período da segunda guerra mundial, e posteriormente a ela, após 1950, Deming recebeu da JUSE (Japan Union of Scientists and Engineers) o convite para realizar palestras e conferências aos empresários japoneses, levando-os a realizar os métodos propostos por Deming para controle da qualidade e princípios da administração.

Essa mudança na visão e métodos pelos empresários japoneses fez com que a indústria japonesa começasse a liderar vários mercados em que concorria, dentre eles o automobilístico e tecnológico.

Tendo sucesso na implementação e implantação dessa nova visão, muitos especialistas consideram essa mudança de paradigma Japonês como o marco zero da história da qualidade no Japão. Com esse sucesso, o Japão criou em 1951 o Prêmio Nacional da Qualidade, Prêmio Deming, em sua homenagem.

Difusão do Ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Action)

O PDCA é uma ferramenta da Qualidade utilizada no controle de processos. Muitos acreditam que foi uma criação de Deming, mas ao contrário do que pensam, esse ciclo foi criado por Walter A. Shewart na década de 20. 

Anteriormente, era conhecido como PDS (Plan – Do – See). Deming foi o responsável por uma melhora significativa no processo, que levou sua expansão para o Japão, e para uma melhor compreensão dos japoneses, mudanças foram necessárias, pois interpretavam o verbo see como uma atitude passiva de apenas ficar na expectativa. Deming conseguiu explicar de maneira adequada a interpretação do método, não sendo apenas ver ou revisar, e sim realizar alguma ação, take action em inglês. Com isso, foi adicionado o verbo action ao modelo, retirando o verbo take.

Assim o ciclo passou de “Plan – Do – See” para “Plan – Do – Check – Action’’, que posteriormente para melhoria e difusão ficou conhecido como “Ciclo Deming”, por todos que o utilizavam.

As 3 crenças de William Edwards Deming

Existem três crenças difundidas por Deming na gestão organizacional, são elas: constância de finalidade; melhoria constante; conhecimento profundo, cujas diretrizes são traduzidas em seus quatorze princípios para a qualidade:

  1. Crie constância de propósito;
  2. Adote a nova filosofia – vivemos em uma nova era econômica;
  3. Não dependa da inspeção para atingir a Qualidade;
  4. Pare de aprovar orçamentos com base nos preços;
  5. Aperfeiçoe constante e continuamente os processos da empresa (melhoria contínua);
  6. Institua treinamento no local de trabalho;
  7. Adote e estabeleça lideranças;
  8. Elimine o Medo;
  9. Quebre as barreiras entre os departamentos;
  10. Elimine slogans, exortações e metas da força de trabalho;
  11. Elimine quotas (padrões de trabalho) e metas numéricas;
  12. Remova as barreiras que roubam das pessoas o direito de orgulhar-se de seu trabalho;
  13. Estabeleça um programa rigoroso de educação e auto-aprimoramento;
  14. Coloque a empresa toda para trabalhar pela transformação.

As 7 doenças organizacionais

Em sua obra “Saia da Crise” (Out of the Crisis) de 1986, Deming propõe 7 pontos (ou 7 enfermidades mortais) que pode sofrer a gerência de uma organização. Essas enfermidades se opõem justamente aos três crenças que ele prega: à melhoria contínua, à constância de propósito e ao conhecimento organizacional. As 7 enfermidades organizacionais são:

  1. Falta de constância nos propósitos;
  2. Ênfase nos ganhos de curto prazo;
  3. Avaliação de Desempenho, classificação por mérito;
  4. Rotatividade dos executivos;
  5. Gestão da empresa baseado somente em cifra e números;
  6. Custos médicos excessivos;
  7. Custo excessivo de garantias.

Conclusão

Conforme vimos ao longo do artigo, graças ao empenho de William Edwards Deming, houveram diversas melhorias nos processos da qualidade no mundo todo. Ele ajudou a tornar as empresas que vivenciam sua filosofia mais competitivas, buscando a melhoria constante e a visão de longo prazo.

Tamanha foi sua contribuição, que até hoje ele é um dos nomes mais lembrados quando ao assunto é qualidade, excelência e gestão. Além disso, deixou diversas contribuições ao redor do mundo, vale lembrar que existe, inclusive, uma fundação chamada The Edwards Deming Institute, que busca enriquecer a sociedade por meio da filosofia de Deming.

sábado, 4 de julho de 2020

O que é a metodologia 5s e como ela é utilizada


O que é a metodologia 5s e como ela é utilizada

O Programa 5S tem sua origem no Japão em 1950, quando o professor Kaoro Ishikawa apresenta um
método para combater o desperdício e ajudar o país destroçado pela guerra, e sem recursos naturais.
A metodologia 5S tem sido desenvolvida de forma eficaz e participativa nas empresas através de fundamentos de fácil compreensão e capacidade de apresentar resultados expressivos.  Isso responde a questão daqueles que se perguntam: “por que cada vez mais empresas investem na aplicação dos 5S?” A resposta é simples: porque é uma ferramenta baseada em idéias simples e que podem trazer grandes benefícios para as empresas.
Princípios do 5S

O conceito de 5S possui como base as cinco palavras japonesas cujas iniciais formam o nome do programa. As palavras são Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke, que migradas para o Português foram traduzidas como “sensos”, visando não descaracterizar a nomenclatura do programa. São eles: senso de utilização, senso de organização, senso de limpeza, senso de saúde e senso de autodisciplina. Vejamos separadamente os conceitos de cada um dos 5S:

1) SEIRI – Senso de Utilização

Significa utilizar materiais, ferramentas, equipamentos, dados, etc. com equilíbrio e bom senso. Onde é realizado o descarte ou realocação de tudo aquilo considerado dispensável para realização das atividades. Os resultados da aplicação do Senso de Utilização são imediatamente evidenciados.

    Ganho de espaço
    Facilidade de limpeza e manutenção
    Melhor controle dos estoques
    Redução de custos
    Preparação do ambiente para aplicação dos demais conceitos de 5S

2) SEITON – Senso de Organização

O senso de organização pode ser interpretado como a importância de se ter todas as coisas disponíveis de maneira que possam ser acessadas e utilizadas imediatamente. Para isto devem-se fixar padrões e utilizar algumas ferramentas bem simples como painéis, etiquetas, estantes, etc. Tudo deve estar bem próximo do local de uso e cada objeto deve ter seu local específico. Podemos identificar como resultados do senso de organização:

    Economia de tempo;
    Facilidade na localização das ferramentas;
    Redução de pontos inseguros.

3) SEISO – Senso de Limpeza

A tradução para a palavra Seiketsu é limpeza. Este senso define a importância de eliminar a sujeira, resíduos ou mesmo objetos estranhos ou desnecessários ao ambiente. Trata-se de manter o asseio do piso, armários, gavetas, estantes, etc. O senso de limpeza pode ir além do aspecto físico, abrangendo também o relacionamento pessoal onde se preserva um ambiente de trabalho onde impere a transparência, honestidade, franqueza e o respeito. A aplicação do senso de limpeza traz como resultado:

    Ambiente saudável e agradável;
    Redução da possibilidade de acidentes;
    Melhor conservação de ferramentas e equipamentos;
    Melhoria no relacionamento interpessoal.

4) SEIKETSU – Senso de Padronização e Saúde

O senso de padronização é traduzido na fixação de padrões de cores, formas, iluminação, localização, placas, etc. Como abrange também o conceito de saúde, é importante que sejam verificados o estado dos banheiros, refeitórios, salas de trabalho, etc. afim de que sejam identificados problemas que afetam a saúde dos colaboradores como os problemas ergonômicos, de iluminação, ventilação, etc. Este senso tem como principal finalidade manter os 3 primeiros S’ (seleção, ordenação e limpeza) de forma que eles não se percam. Podem-se evidenciar como principais resultados da aplicação deste conceito:

    Facilidade de localização e identificação dos objetos e ferramentas;
    Equilíbrio físico e mental;
    Melhoria de áreas comuns (banheiros, refeitórios, etc);
    Melhoria nas condições de segurança.

5) SHITSUKE – Senso de Disciplina ou Autodisciplina

A última etapa do programa 5S é definida pelo cumprimento e comprometimento pessoal para com as etapas anteriores. Este senso é composto pelos padrões éticos e morais de cada indivíduo. Esta etapa estará sendo de fato executada quando os indivíduos passam a fazer o que precisa ser feito mesmo quando não há a vigilância geralmente feita pela chefia ou quando estendem estes conceitos para a vida pessoal demonstrando seu total envolvimento. Diante de um ambiente autodisciplinado acerca dos princípios 5S é possível que se tenha:

    Melhor qualidade, produtividade e segurança no trabalho;
    Trabalho diário agradável;
    Melhoria nas relações humanas;
    Valorização do ser humano;
    Cumprimento dos procedimentos operacionais e administrativos;

A convivência com os cinco sensos apresentados leva os indivíduos a compreenderem melhor o seu papel dentro de uma organização e os torna parte da pirâmide dos resultados alcançados, fazendo nascer a consciência de que é preciso ser disciplinado mesmo quando não há cobranças. Por isso, os Programas de Qualidade têm auxiliado as empresas no processo de melhoria contínua dos produtos ou serviços, principalmente através da mudança cultural, a fim de se obter a vantagem competitiva necessária que será colhida a curto, médio e longo prazo.

E vocês, tem alguma experiência com 5S para compartilhar? Deixem seus comentários abaixo. Vamos discutir o tema!

Fonte: http://www.sobreadministracao.com - acesso 04/03/2020